Agência New 360 assina a identidade visual do Museu de Sant’Ana, em Tiradentes. A avó de Jesus é homenageada da logomarca aos itens comercializados na loja, como lenços.

Um trabalho realizado a muitas mãos, orquestrado pela empresária Ângela Gutierrez e executado por uma equipe multidiscplinar, deu vida ao Museu de Sant’Ana, inaugurado em 20 de setembro em Tiradentes. Sediado na antiga Ca- deia Pública da cidade histórica – imóvel de 1833 –, o espaço presta homenagem à avó de Jesus (segundo a tradição católica) com a exposição de 291 imagens de Ana, mulher que teria sido a mãe de Ma- ria e que, apesar de não ser citada pela Bíblia, conquistou a devoção de fiéis ao longo da história. Vale destacar que to- do o projeto foi supervisionado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Mais uma vez, a criação da identidade visual de um projeto cultural empreendido pela família Gutierrez ficou a cargo da Agência New 360, que também trabalhou nos museus Artes e Ofícios (em Belo Horizonte), do Oratório (em Ouro Preto) e do Cavalo Mangalarga Marchador (em Cruzília, Sul de Minas Gerais). Angela Dourado, diretora de design da empresa, revela que o projeto demandou cerca de 1 ano entre o trabalho de pesquisas, desenho, escolha de matérias-primas, adequação às exigências do Iphan, produção, instalação e distribuição das peças, entre outras etapas. “Toda a identidade visual começou no desenho da marca, muito simples, mas ao mesmo tempo muito representativa de Sant’Ana. A partir dessa concepção, vieram os projetos gráficos editoriais: catálogo, folder, convites, a par- te visual das legendas e painéis expositivos, a sinalização externa e interna co- mo as placas indicativas de percursos e salas. Toda esse universo de informação, conteúdo e sinalização”, explica.

ESPLENDOR Ângela Dourado reforça que a logomarca do Museu traz a primeira letra do nome da santa, grafada em maiúsculo e destacada por um esplendor. “Essa construção representa a sabedoria e a luz de Sant’Ana Mestra, a imagem que sempre traz a mulher segurando um livro. Também representa a Guia, quando ela está de mãos dadas com Ma- ria, indicando um caminho, ou Mãe, quando carrega a menina no colo. O resultado gerou uma marca muito delicada, feminina, simples e singela, porém de personalidade”, descreve.

A designer destaca outras características do Museu e lembra que o projeto de identidade visual foi adequado ao espaço. “A área construída é pequena, então costumo compará-lo a uma joalheria. Quando entro nas salas, tenho a ideia de estar em uma Tiffany, o que é reforçado pelo trabalho desenvolvido nas prateleiras e expositores muito bonitos , pela luz do Pedro Pederneiras, que é linda, pela disposição das imagens que a Ângela fez, que ficou maravilhosa.”

Também as cores escolhidas para as três salas de exposição – rosa, azul e ver- de, e para o corredor, um ocre ou bege quente, remetem à delicadeza. “Busca- mos um conceito que remetesse ao simples e singelo, mas tamém revelasse personalidade e causasse impacto visual”. Outro detalhe citado por ela é opção por imprimir os textos descritivos em painéis de canvas (lonas de aspecto natural, que remetem ao fazer artesanal e conferem leveza à proposta), no lugar de inscrevê-los sobre as paredes por meio de plotters ou adesivos como o mais usado em museus contemporâneos. O aço corten é a matéria-prima das molduras dos painéis e também das placas de sinalização. “Depois de muitos testes, elegemos essa opção até para prestigiar um produto de Minas Grais. Para valorizá-lo ainda mais, fizemos questão de manter o aspecto natural, sem pintura ou verniz, com ferrugem.”

Ao observar o conjunto da obra, a designer brinca com o caráter “feminino” do projeto e pelo fato de muitas mulheres estarem envolvidas em sua concepção, começando pela idealizadora, Ângela Gutierrez. Da agência, participaram do trabalho coordenado por Angela Dourado a arquiteta Natália Beirão Campos, a designer Andrea Costa Gomes e a produtora Carolina Fernandes, além do webdesigner Guilherme Porto.

LEMBRANÇAS

A New 360 também foi a responsável pela concepção dos suvenirs do museu, cuja comercialização objetiva divulgar o espaço e contribuir para sua manutenção. A linha é composta por adornos, utilitários e acessórios, todos desenvolvidos a partir das referências presentes nas imagens de Sant’Ana e na identidade visual do projeto. São lápis, ímas de geladeira, louças, almofadas, sacolas com alça de couro, camisetas e foulards em viscose ou seda (entre outros itens). Para Ângela Dourado, cuja agência realiza outros projetos relacionados à cultura, o resultado é dos mais gratificantes. “Trabalhar com um bem de consumo durável como a cultura é um negócio muito gratificante. É uma forma de eternizar um produto que outras gerações terão a oportunidade de apreciar, curtir, como estamos curtindo agora. É contribuir para a educação e memória do nosso país.”